MÚSICA E COMENTÁRIOS DE ANTÓNIO VITORINO DE ALMEIDA

Portugal, cem anos de futebol e de história.
Joga-se, desde o princípio, um insustentável jogo feito de inúmeros jogos parcelares num permanente confronto de opositores que se sucedem povoando sempre, dir-se-ia, os mesmos dois meios-campos: Portugal. Que história é essa que se conta? Que aguerridos jogos, afinal, se vê jogar? O nosso futebol: futebol da nossa história. Desde 1888. Os aristocratas dos primórdios contra os ingleses, o Ultimatum, o "jogo de coice", a insolente desforra dos órfãos da Casa Pia, a migração de Belém para Benfica, o Campo Grande, o "Grupo do Destino", o regicídio de 1910, Lisboa-Madrid, o futebol da República, confrontos na união, o Carcavelinhos, a plebe em acção, a grande guerra, vencedores e vencidos, a eclosão dos anos 20, glórias de Amesterdão, Pepe e Mussolini, o quadro eléctrico, as multidões, a crise, os golos de Salazar, milhões de adeptos, o Estádio Nacional, heróis lendários, os cinco violinos, a vitória sobre os ingleses, Fátima, Futebol e Fado. A televisão. Anos sessenta, o apogeu, o Totobola, Benfica-Barcelona, a Taça das Taças, a Minicopa, Eusébio, os negros das colónias no estádio, avindos irmãos, o quebrar da onda, o 25 de Abril, verdes e encarnados, o transe, novas vitórias de velhos clubes. E hoje, que vontades, que futuro para as incalculáveis lutas? Assim se joga o nosso futebol.