Passadas três décadas sobre a sua integração na União Indiana e a sua libertação face ao poder colonial português, Goa surpreende por nela coexistirem culturas diversas e uma sociedade que se encontra estranhamente cristalizada no tempo. Aida, a Dama de Chandor, tem oitenta anos e vive sozinha num palácio perdido numa aldeia goesa. Este documentário conta a sua história, acompanhando o seu esforço diário para preservar a todo o custo a casa onde vive, símbolo visível e palpável da sua identidade que ela sente ameaçada. A Dama de Chandor e a sua casa confundem-se. Aida terá de viver até garantir que a casa lhe sobrevive.

Um espantoso trabalho de documentário. Intitula-se (com toda a reverberação fílmica que vai nestas palavras) "A Dama de Chandor" e obteve recentemente o Prémio Aurélio Paz dos Reis. O filme mostra-nos a relação de D. Aida Meneses de Bragança com a sua casa de Chandor. Mas mostra também a paixão de conservar. E como conservar, quando é vivido nesta dimensão de paixão, é uma forma de resistir e afirmar (para utilizarmos um título de Agustina) "a alegria do mundo".
Eduardo Prado Coelho

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